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Opinião

A Alta Velocidade é uma oportunidade

Em 2030 Leiria juntar-se-á a um leque restrito de cidades com acesso a ferrovia de alta velocidade. Apesar de esta ser uma grande oportunidade de desenvolvimento para a cidade e região, é preciso saber aproveitá-la.

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Foto: Tiago Gonçalves / NL



A partir de 2030 e sentado confortavelmente num comboio a mover-se a 300 quilómetros por hora, um leiriense será capaz de chegar a Coimbra em cerca de 18 minutos, Lisboa em 39 e Porto em 47. Isto, aliado à já existente rede ferroviária e rodoviária, permitirá aproximar toda a região do resto do país, abrindo um enorme leque de possibilidades. Por exemplo, viver em Leiria e trabalhar em Lisboa torna-se exequível, ou, um turista, apenas planeando visitar o Porto pode aproveitar a rápida viagem para conhecer a nossa região. Ainda assim, este investimento multimilionário será em vão se não for potenciado.

Primeiramente, é essencial garantir a intermodalidade, isto é, a coexistência dos vários meios de transporte público num único local. Atualmente o projeto apresentado pelo Ministério das Infraestruturas contempla a convivência na estação de Leiria dos comboios regionais da Linha do Oeste com os comboios de longo curso da Linha de Alta Velocidade. Agora, cabe à Câmara Municipal mover a gare de autocarros para junto da ferrovia e garantir a coordenação entre comboios, autocarros urbanos, interurbanos e expressos. Só assim um residente da região poderá facilmente chegar à estação e embarcar num comboio em direção aos mais variados locais do país.

A estação de Leiria encontra-se algo longe do centro da cidade para padrões europeus. Um leitor atento conseguirá notar, durante o verão, turistas de mala às costas confusos sobre como chegar à zona histórica sem uma caminhada de 40 minutos ou sem usar um carro. Por isso mesmo é importante estabelecer acessos rápidos ao centro que não envolvam o uso do veículo privado.

Isto implica que a estação seja servida por autocarros frequentes, confortáveis e movidos a energias limpas e que se estabeleça uma ciclovia segregada (talvez usado parte do percurso polis) com um sistema de bicicletas partilhadas.

Por fim, é importante saber aproveitar esta grande concentração de transportes num único local para promover o desenvolvimento da zona da Gândara, nomeadamente com a construção de habitação densa, de serviços e de espaços verdes. Mas este desenvolvimento urbano terá de romper com as normas que marcaram a nossa construção nas últimas décadas, que se focou exageradamente no veículo particular, e passar a colocar no centro as pessoas e formas mais humanas, eficientes e ecológicas de mobilidade, como caminhar, ciclar ou usar transportes públicos.

Só com a aplicação de forma metódica e bem planeada de tudo o que foi enumerado acima poderemos usar ao máximo todo o potencial de desenvolvimento que a ferrovia nos trará e apenas com a coordenação de câmaras municipais, juntas de freguesia e sociedade civil esta aplicação será bem sucedida.

Artigo de Opinião da autoria de Tiago Gonçalves
Tiago Gonçalves, nascido em Leiria, é estudante de Física na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Artigo corrigido às 17h29 a pedido do autor.

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