Ansiedade social em musical – Dear Evan Hansen

Título: Dear Evan Hansen
Realizador: Stephen Chbosky
Ano: 2021
Classificação Notícias de Leiria: 5/10 brisas do lis

Evan Hansen é um adolescente que sofre de ansiedade social. Uma das formas que tem de lidar com este problema é escrever cartas a si próprio. Acidentalmente, uma dessas cartas vai parar às mãos de Connor, um dos seus colegas de escola, que se suicida pouco tempo depois. A descoberta da carta na posse de Connor, erradamente tomada como o bilhete de despedida do jovem, vai colocar Evan no centro de um turbilhão de mal-entendidos.

Dear Evan Hansen é uma adaptação do musical muito aclamado de Steven Levenson, Benj Pasek e Justin Paul. No entanto, a produção cinematográfica fica aquém das expetativas. Os momentos musicais são monótonos e falta-lhes uma componente de espetáculo e dança, quase sempre presente neste género. A ausência de coreografia restringe a cinematografia e a edição durante as canções, tornando as duas horas e dezassete minutos de filme demasiado longas, aborrecidas e desinteressantes.

No entanto, a longa-metragem apresenta uma perspetiva interessante sobre a saúde mental e, em particular, sobre a ansiedade social. Evan é dominado pela doença e não consegue fazer ouvir a sua voz, nem mostrar quem realmente é. A interpretação de Ben Platt como Evan permite-nos sentir empatia pela personagem, mesmo quando o protagonista age de forma reprovável. Evan move-se nas zonas cinzentas da moralidade, um pouco sem querer, um pouco por necessidade de ter algo mais na sua vida, mas isso não faz dele uma má pessoa.

Para além de Platt, são de destacar as excelentes interpretações de Kaitlyn Dever como Zoe Murphy, Julianne Moore como Heidi Hansen e, especialmente, Amy Adams como Cynthia Murphy. Adams representa fielmente o papel de uma mãe com o coração destroçado pela morte do filho, permitindo ao público sentir a sua angústia e dor.