Sociedade
Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande classificam de “machadada” pedido de condenação de Comandante
O Ministério Público defendeu a condenação a prisão efetiva, superior a cinco anos, do comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, no processo sobre os incêndios de junho de 2017.

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Os Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande consideraram esta quinta-feira o pedido de condenação do Ministério Público ao Comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande “mais uma machadada na sua vontade de ajudar a salvar vidas e bens do próximo”.
Através da sua página oficial de Facebook, a corporação alerta para “as consciências dos mais distraídos (BOMBEIROS E DIRIGENTES) sobre o que no futuro pode vir a suceder a um qualquer Bombeiro que, em determinada altura, tenha que exerça a função de COS (COMANDANTE DE OPERAÇÕES DE SOCORRO)”.
“Comandante Augusto Arnaut está a ser a principal vítima de um sistema que não funciona” – Liga dos Bombeiros
Visão partilhada também pela Liga dos Bombeiros Portugueses que considera que “o processo de Pedrogão Grande está mal desde o início, sem que isso possa ser interpretado como qualquer tentativa de se imiscuir na justiça”.
“A assunção das eventuais responsabilidades deveriam desde logo ser atribuídas a quem de direito e não escolher o caminho mais fácil, como aconteceu, de fazer de um comandante de bombeiros o bode expiatório de tudo”, lê-se numa publicação oficial, também no Facebook, da Liga.
“O comandante Augusto Arnaut está a ser a principal vítima de um sistema que não funciona”, que opta assim por “responsabilizar um bombeiro, homem íntegro e lúcido (…) quando as verdadeiras responsabilidades estão a montante e sem que tenham saído beliscadas”.
“Absoluta suspresa” – advogada Filomena Girão
Também Filomena Girão, advogada do comandante dos Bombeiros de Pedrógão Grande, disse esta quinta-feira que foi uma “absoluta surpresa” o pedido do Ministério Público para que aquele seja condenado a prisão superior a cinco anos devido aos incêndios de 2017 no concelho.
“Só vos posso transmitir a minha absoluta surpresa. Isto é, a sensação que tenho hoje é de que não estive no mesmo julgamento que a senhora procuradora”, afirmou Filomena Girão aos jornalistas, à saída do Tribunal Judicial de Leiria, onde já começaram as alegações finais.
MP pede prisão efetiva para Augusto Arnaut
O Ministério Público (MP) defendeu a condenação a prisão efetiva, superior a cinco anos, do comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, no processo sobre os incêndios de junho de 2017, após os quais foram contabilizados 63 mortos e 44 feridos quiseram procedimento criminal.
“[Augusto Arnaut] Deve ser condenado pelos crimes de que foi pronunciado numa pena de prisão efetiva, superior a cinco anos, atendendo à culpa e às elevadas necessidades de prevenção geral e especial que se fazem sentir”, afirmou a procuradora da República Ana Mexia, nas alegações finais do julgamento, no Tribunal Judicial de Leiria.
O arguido está a ser julgado por 63 crimes de homicídio e 44 de ofensa à integridade física, 12 dos quais graves, todos por negligência.
A mandatária do comandante referiu que a fundamentação do pedido da procuradora da República Ana Mexia ignorou “uma quantidade de testemunhos fulcrais dos operacionais, do Comando Nacional da ANEPC [Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil], da senhora ministra da tutela à época [Constança Urbano de Sousa], todos eles dizendo, de uma forma simplificada (…), que o senhor comandante não tinha meios, fez tudo o que podia, não podia ter feito mais do que fez”.
Quanto às imputações relacionadas com o facto de o seu constituinte não ter pedido atempadamente o Arome, uma previsão meteorológica específica para um local, a causídica respondeu que “a prova valorizada nesse ponto” foi o relatório da Comissão Técnica Independente (CTI).
“Ouvimos os membros do CTI falar aqui sobre esse assunto e todos eles disseram muito mais e diferente do que está escrito no relatório. E, portanto, a esse propósito, devo ainda realçar que a CTI não tem climatologistas”, declarou, sustentando que “o modelo não é fiável”.
Filomena Girão frisou ainda que, em sede de julgamento, testemunharam climatologistas, como outros operacionais, que “disseram ‘olhando para aquele Arome não era previsível o que veio acontecer’”, facto que “não é possível ignorar”.
À pergunta se considera que no julgamento se está a tentar encontrar no comandante um bode expiatório, Filomena Girão anuiu: “Há um ‘ditote’ popular que diz isto muito bem, que fala de moluscos. O comandante Arnaut é aqui o mexilhão”.

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