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Como é que se fazem os bebés?

“Elas não vêem a sexualidade com erotismo, tal como os adultos vêem. Elas vêem tudo com muita naturalidade e inocência”.

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Foto: Opinião de Cláudia Oliveira / DR

A instituição educacional tem tomado para si a responsabilidade de educar e de estruturar a criança, papel este que antes era de total responsabilidade dos pais, ou pelo menos por eles auxiliado. Muitos pais e até mesmo educadoras perguntam-me ou depositam, em jeito de descartar a responsabilidade de abordar este tema com as crianças em idade pré-escolar (dos 3 aos 6 anos). Pela complexidade da sua abordagem, por ser visto como um tema tabu, por não se saber o que se pode ou deve dizer. É um tema proibido que ainda causa muito constrangimento na sua abordagem. As minhas crianças sabem que o “pipi” é a vagina e que a “pilinha” é o pénis. São conceitos tão naturais como todos os outros elementos do corpo, ou pelo menos devem ser vistos desta forma, nestas idades. Elas não vêem a sexualidade com erotismo, tal como os adultos vêem. Elas vêem tudo com muita naturalidade e inocência. A sexualidade não se refere apenas às relações sexuais e em idades tão pequenas diz respeito principalmente ao conhecimento do próprio corpo.

É importante falarmos sobre este tema, nem que seja pela segurança da própria criança, no sentido de perceberem quais são os comportamentos aceitáveis, quais são as “regras” na exploração, quem pode mexer no seu corpo, entre outras questões de extrema importância. Não podemos esquecer que as experiências vivenciadas na idade pré-escolar têm significativas influências nos valores e comportamentos futuros. Por outro lado, as crianças começam a explorar o seu corpo e a sua sexualidade desde muito cedo, percebendo que sentem prazer ao tocar determinadas zonas. Sim, as crianças observam os genitais de cada um, percebem as diferenças e querem saber o porquê. Sim, as crianças masturbam-se desde muito cedo e faz tudo parte da exploração e conhecimento do próprio corpo. O objetivo será sempre uma abordagem saudável da sexualidade, dando especial destaque à prevenção do abuso sexual, às manifestações sexuais das crianças e à promoção da autoestima e da imagem corporal positiva.

A história da sementinha é muito engraçada, mas como já vos disse noutro artigo, as crianças não são ignorantes e vão perceber que aquela informação não bate certo com outras que já têm. E, se não perceberem naquele momento, vão perceber mais tarde e vão sentir-se enganados pelos pais /educadores.

Vamos explicar sim que existe uma sementinha e que se chama espermatozoide e que está nuns saquinhos do pai / homem, chamados testículos. É claro que só iremos dar, exclusivamente, a informação que eles nos pedem. Temos de tentar adaptar o que vamos explicar, à idade da criança. Se a criança não nos está a pedir tantos pormenores, não lhe vamos dar. O truque é responder exatamente ao que a criança nos está a perguntar e nada mais. A informação que lhe vamos dar, corresponde exatamente ao que ela quer saber e as perguntas que ela colocar, serão reflexo da sua maturidade intelectual e, ao mesmo tempo, pistas da informação que lhes podemos facultar. Em última análise, podem sempre dizer: “Olha que belo tema para desenvolveres um projeto na tua escola”. ☺

Uma coisa eu vos garanto! A criança nunca vai descansar enquanto não vir esclarecidas as suas dúvidas e, se perceber que não é nos pais que vai descobrir o que pretende, ou satisfazer as suas curiosidades, irá procurar outra fonte de informação que poderá não ser a mais fiável. Por isso, tentem desmistificar este tema, recorrendo a algumas metáforas que poderão fazer uma ligação interessante ao imaginário tão rico destas idades e que vai ajudar a simplificar o assunto.

Não sou extremista e não considero que este seja um tema da inteira responsabilidade da família ou da escola. Acho sim que, deve haver, como em tudo nestas idades, uma enorme comunicação entre estas duas entidades, no sentido de estabelecer uma parceria. Se a pergunta surgiu em casa e não estão à vontade para esclarecer a criança, falem com a educadora e não tenham vergonha de expor a situação. Ela está lá para vos ajudar, não para vos julgar ou criticar.

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