Cultura
Cooperativa Cultural Omnichord Records mantém oito pessoas a trabalhar
Hugo Ferreira considera que “a cultura foi a primeira a cair e provavelmente será a última a levantar-se”.

A Cooperativa Cultural de Leiria Omnichord Records, apesar dos adiamentos e cancelamentos de concertos, continua a trabalhar.
O fundador da cooperativa cultural, Hugo Ferreira, afirma à Agência Lusa que “no regresso tem que haver muita contenção”, falando também numa indefinição sobre quando isso acontecerá: “se no início se apontava o regresso para setembro, agora já se aponta mais para outubro, novembro, dezembro”.
A Omnichord, que representa projetos como Whales, Surma, First Breath After Coma e Jerónimo, tem “oito pessoas a tempo inteiro, além de muitos prestadores de serviços”.
A agenda de concertos para os próximos meses estava “recheada, tanto em Portugal como no estrangeiro, com vários países, dos Estados Unidos à Europa, com situações previstas e contratualizadas, e foi tudo a zero”.
“Não há nada que se mantenha de pé. Para quem só trabalha com prestações de serviços é muito complicado, no caso de uma estrutura maior, mais complicado fica, porque temos vencimentos mensais”, referiu Hugo Ferreira.
Nesta altura, a Ominchord está a “tentar projetos novos”.
O “Cultura com C de Casa” transformou a plataforma ‘online’ Visit Leiria, da autarquia local, num “espaço de criação com regularidade, das artes plásticas à música”.
“Pedimos à autarquia para remunerar o projeto, para pagarmos aos artistas, que não são apenas os nossos, mas são todos os de Leiria”, contou.
A proposta da Omnichord passa por ‘ocupar’ a plataforma durante três meses. “A autarquia garantiu um mês de financiamento, e tentámos [a linha de apoio de emergência da] DGArtes para ver se conseguimos mais dois meses”, contou Hugo Ferreira, adiantando que em três meses são ajudados 250 artistas.
A ideia é “remunerar trabalho, numa altura em que não há”, mas também “capacitar”. Além disso, a Omnichord está na génese da Play It Safe, uma plataforma ‘online’ – Play It Safe -, que incentiva o público a apoiar monetariamente os artistas.
Nos próximos tempos “vai ser tentativa e erro, e ver como criar propostas diferenciadas”.
Segundo a Associação de Promotores e Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE), entre 8 de março e 31 de maio foram cancelados, adiados ou suspensos 24.815 espetáculos em Portugal por causa das medidas de contenção da epidemia da covid-19.
O número foi revelado em 03 de abril e a associação alertava que poderia “aumentar exponencialmente” nas semanas seguintes.
O Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE) realizou um inquérito ao setor e apresentou os resultados à ministra da Cultura, indicando que 98% dos trabalhadores inquiridos tiveram trabalho cancelado por causa das medidas restritivas para conter a pandemia.
