Em busca de audiências – Óscares 2022

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A entrega das estatuetas douradas decorreu no passado domingo, numa cerimónia que se diferencia pela lamentável agressão de Will Smith a Chris Rock. Um momento que deixou o mundo perplexo e trouxe mais audiências ao evento, que muito se tem esforçado por recuperar público.

Destacamos aqui alguns dos vencedores da noite, recordando o que dissemos sobre cada um deles.

CODA: Melhor Filme, Melhor Argumento Adaptado e Melhor Ator Secundário

O filme é uma declaração de amor entre pais e filhos, na qual os laços partilhados ultrapassam todas as diferenças. Filhos que abdicam de si próprios para apoiar os pais e pais que fazem de tudo para compreender e fazer parte do mundo dos filhos. CODA é também uma crítica à forma como as pessoas surdas são ridicularizadas e excluídas. São consideradas deficientes, burras ou inferiores apenas por serem diferentes da maioria, levando-as muitas vezes a rejeitar a integração.

Ao som das canções maravilhosas e intemporais de Etta James, Joni Mitchell e Marvin Gaye e Tammi Terrell, a longa-metragem entretém, diverte e puxa pela lágrima.

O Poder do Cão: Melhor Realização

A longa-metragem tem uma intensidade que não nos permite tirar os olhos do ecrã. A subtileza de cada fala e de cada enquadramento é hipnotizante e nada falta nem se sente em excesso no desenrolar desta história, cujo ritmo é perfeito. O jogo de luz e sombras, a banda sonora e os silêncios propositados trazem às cenas uma energia dramática que é quase palpável. Esta força evidencia o caráter do protagonista e a apreensão, o desconforto e o medo que ele consegue inspirar nas restantes personagens.

Dune: Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Música Original, Melhor Direção de Arte, Melhor Som e Melhores Efeitos Visuais

A nova adaptação do romance de ficção científica de Frank Herbert é uma grande produção, com tudo a que temos direito no regresso às salas de cinema. Dune é um filme com a marca clara do seu realizador. Combinando a sua visão com cenas de luta, perseguições, explosões e morte épicas, Villeneuve consegue atingir o equilíbrio, criando um resultado final muito apelativo para vários públicos.

Belfast: Melhor Argumento Original

Belfast vai direto ao coração e faz-nos refém das emoções. Ao descobrirmos a história pela perspetiva de Buddy, somos confrontados com a sua visão inocente e parcial dos problemas que o afligem. A escolha do preto e branco evidencia a nostalgia, que está presente ao longo de todo o filme e a ameaça constante e muito real de violência e destruição.

Drive My Car: Melhor Filme Internacional

O drama japonês de quase três horas (179 minutos) é uma exposição lenta, com uma cinematografia subtil e bela. A longa-metragem sustenta-se no argumento e nos excelentes diálogos, tendo por base um conto de Haruki Murakami, um dos mais aclamados escritores japoneses da atualidade.

Summer of Soul: Melhor Documentário

O documentário consegue canalizar o poder da música e a energia dos artistas e do público, provocando uma reação emocional e física no espetador. É uma celebração sem um momento de tédio. Um filme para ver de pé, dançar e bater palmas ao ritmo das atuações.