Opinião
Em defesa da coesão e da saúde
Prestar saúde é a matriz identitária e histórica dos caldenses e deslocar o hospital para sul é torná-lo mais subsidiário dos equipamentos de saúde lisboetas.

Independentemente de todas as tentativas de rebranding recentes, Caldas da Rainha é, desde a sua génese, uma cidade hospitalar. Escusar-vos-ei de toda a lenda envolvente da relação da rainha Leonor de Avis com a minha cidade, mas importa ter o peso que essa lenda ainda tem no imaginário da população em conta.
O novo Hospital do Oeste tem sido um tema de debate quente, e com razão. Um hospital dessa envergadura exige um investimento que qualquer autarca quereria atraír para o seu concelho. Mas, não nos esqueçamos, Caldas já tem uma unidade hospitalar – antiga e degradada, que dá o seu melhor para responder às necessidades da população que lhe está referenciada, de Rio Maior a Peniche, ou de Torres Vedras a Alcobaça.
Caldas da Rainha é o maior centro urbano da região Oeste e isto é um facto. Toda a região exige um novo hospital com melhores condições – somos a localização mais adequada para o receber e isto é o ponto que quero sustentar. Temos a escala necessária para acolher um equipamento desta natureza, a nível de equipamentos suplementares, de dimensão demográfica, de capacidade de fixação dos profissionais, de vias de comunicação, para consolidar uma cidade intermédia capaz de criar um polo regional entre a capital e Leiria que combata a hípercefalía de Lisboa.
Prestar saúde é a matriz identitária e histórica dos caldenses e deslocar o hospital para sul é torná-lo mais subsidiário dos equipamentos de saúde lisboetas e dificultar o seu acesso não só aos habitantes do Oeste Norte, mas também dos concelhos envolventes cuja população está inserida na rede de referenciação do atual Centro Hospitalar do Oeste. Este concelho nasce e desenvolve-se em torno da Saúde e retirar-lhe a unidade hospitalar seria desclassificá-lo e fazê-lo adoeçer. Um hospital não é meramente um equipamento de saúde, é uma infraestrutura que exige e acarreta certos factores de desenvolvimento económico e social – o Estado Social tem que ter em conta o cidadão de forma holística e não apenas de uma perspetiva assistencialista, não pode prestar-lhe apenas os cuidados básicos e ignorar as restantes vertentes que exige para se desenvolver. Tenho a certeza que a localização apontada para o novo hospital do Oeste neste municipio é a mais adequada e benéfica para toda a região, e não apenas para uma parte dela, tornando-a mais subsidiária da metrópole lisboeta.
É por estes motivos que defendo o Hospital do Oeste nas Caldas da Rainha, o atual e o futuro, e apelo ao Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que sejam tidos em conta todos os factores que são previstos pela bibliografia técnica na sua decisão. A bem da região Oeste.
Artigo de Opinião da autoria de Manuel Martins
Manuel Martins é presidente da Juventude Socialista de Caldas da Rainha e Mestrando em História Contemporânea na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
