Sociedade
Filho da madrasta acusada de matar Valentina confirma versão da mãe
O julgamento prossegue no dia 24 de março, no auditório municipal da Batalha, que terá mais condições para receber a presença de um maior um número de jornalistas.

O filho da madrasta acusada de matar a enteada em Peniche, em maio de 2020, confirmou a versão da mãe, num testemunho gravado para memória futura e que foi hoje ouvido na sala de audiências.
O menor relatou que acordou com o “barulho de estalos”, com o pai de Valentina a bater na menina. “Foram uns dez estalos. Dizia-lhe que ela só sabia fazer maldades e pensar em porcarias.”
Do seu quarto averiguou que o arguido estava a bater na criança e que a mãe, também arguida, pedia para que parasse, tal como a vítima. “Ele dizia: a filha é minha, faço o que quiser. A minha mãe quis chamar ajuda e ele não deixou. Disse que ela ficaria sem os filhos”, contou.
A criança revelou ainda que o padrasto levou Valentina para a casa de banho, onde lhe mandou com água a ferver. “A Valentina só pedia para parar e ele dizia que não queria saber. Ela dizia que a água estava muito quente e ele batia-lhe”, referiu ainda.
Valentina caiu e pouco depois, a testemunha ouviu a mãe a perguntar à criança se estava bem e ninguém respondeu. “A minha mãe perguntou se ele não queria que ela chamasse o INEM, mas o Sandro [pai de Valentina] não deixou. Depois da pancada, a Valentina não disse mais nada. O Sandro levou a criança para a cozinha para apanhar ar”.
Segundo contou, o casal colocou a criança no sofá e tapou-a com um cobertor. “A minha mãe disse-me para não contar a ninguém, caso contrário ficaria sem ela e sem as minhas irmãs”, reforçou.
O menino confirmou que os arguidos se ausentaram de casa para ir comprar leite para a irmã mais pequena e foi quando ele viu a Valentina a “espumar-se da boca”.
Telefonou ao padrasto a avisar e “chegaram em cinco minutos”.
“O Sandro estava muito inquieto, não sabia o que fazer. A minha mãe olhava para mim chorava e dava-me abraços. Depois o Sandro disse que tinham de esconder o corpo.”
O rapaz disse ainda que viu nódoas negras nas pernas da criança e uma vermelhidão, “que parecia queimado”.
O testemunho da criança não terminou hoje, tendo em conta a sua extensão. As suas declarações vão continuar a ser ouvidas na próxima sessão.
No final do julgamento de hoje, Roberto Rosendo, advogado do pai da criança, confirmou que o depoimento da criança vai contra as declarações do seu constituinte, referindo que “altera os factos no sentido da execução do crime”.
Confrontado com o facto de o arguido ter contado hoje em tribunal uma versão diferente da apresentada em sede de inquérito, onde assumiu ter agredido a filha, Roberto Rosendo disse não saber “por que se contradisse”.
O Tribunal de Leiria começou hoje a julgar o pai e a madrasta acusados de matar Valentina, nove anos, em maio de 2020, em Peniche, e apresentaram versões contraditórias dos factos que constam na acusação.
Os arguidos estão acusados pelo Ministério Público de Leiria dos crimes de homicídio qualificado e de profanação de cadáver, em coautoria.

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