“Jogo do Pau” quer chegar a Leiria

Ricardo Moura, 42 anos, arquiteto, presidente e treinador principal da Associação Jogo do Pau de Cascais Stafffighters, contactado pelo Notícias de Leiria, este domingo, falou dos objetivos e expectativas deste jogo tradicional secular,
praticado em Portugal, e que se perdeu com o tempo.

“Em Leiria temos alguns interessados em aprender, e estamos a tentar dar os primeiros passos na criação de um núcleo próprio.” Para Ricardo Moura, a viver em Cascais, em Leiria não há grupos de Jogo do Pau, e ainda não há o conhecimento da técnica de jogo.

“São cerca de vinte praticantes. A associação de Cascais é uma das mais ativas do país, não só na internet, em termos de comunicação, como no desenvolvimento de provas,” lembra o arquiteto.

“Em Leiria não temos instalações físicas. Estamos a tentar criar primeiro um grupo de praticantes, para depois poder arranjar instalações fixas.”

Segundo Ricardo, “o jogo do pau é uma arte marcial antiga que já remonta ao tempo
dos reis no século XV ou XVI. A tradição manteve-se viva na tradição popular, praticado pelas pessoas do interior e mais no norte do país, que mantiveram o uso do cajado para defesa pessoal. Ao longo dos últimos anos caiu consideravelmente o número de praticantes.”

“São dez grupos no país inteiro”.

“Em Leiria, não está constituído o grupo. Temos dois ou três praticantes, e estamos a pensar lançar um curso ou workshop para atrair mais interessados e tornar o treino
mais regular. No futuro imediato era conseguir ter pelo menos duas aulas por semana, e depois gostava de englobar este grupo de Leiria com outros grupos, como o de Cascais, Lisboa ou Porto. Há vários grupos, são cerca de dez no país inteiro,” avançou Ricardo Moura.

“O jogo do pau, nas últimas gerações, desapareceu da zona de Leiria. Nós andamos à procura de ex praticantes mais velhos, mas ainda não conseguimos encontrar. É preciso é divulgar isto um pouco,” apela.

“Isto é uma arte de luta. O objetivo é a defesa”.

“Esse é o maior objetivo da associação, é divulgar e promover o jogo do pau português. “Nós chamamos jogo, mas na realidade isto é uma arte marcial como o
Karaté ou o Judo. Existem muitas regras de conduta entre parceiros e companheiros,
mas em termos de técnica, isto é uma arte de luta. A ideia é provocar o máximo dano,
com o mínimo de esforço e não sofrer qualquer toque. O objetivo é saber manejar
uma vara, de modo a defendermo-nos de tudo o que seja atirado na nossa direção.

“O objetivo é a defesa e o plano de ataque faz também parte da defesa. Temos uma arma na mão, e seja o que for que nos surja pela frente, é conseguirmos defendermo-nos com essa arma,” salienta Ricardo Moura.

Stafffighters nasce em Cascais

“Existem jogos do pau pelo mundo inteiro, e nós os portugueses, conseguimos sair vitoriosos com qualquer um, sejam chineses ou japoneses. O nome ‘Stafffighters’ nasceu em Cascais. Tínhamos um evento internacional de artes marciais com paus, convidámos mestres do mundo inteiro, mas acabou por não se concretizar, porque, entretanto, chegou a covid-19 e o primeiro confinamento. Desse encontro nasceu a nossa marca, que é a marca da nossa técnica. Existe em Cascais, Leiria, Monção e vários locais. Quando se ouve falar em Stafffighters, tem a ligação com a nossa associação,” esclarece o arquiteto.

“Já pratico o Jogo do Pau há perto de 14 anos. É uma arte que tem que ser preservada e reanimada também na zona de Leiria. Obrigado ao Notícias de Leiria, porque todo o apoio nesse sentido, agradecemos. A associação não tem fins lucrativos. O objetivo é divulgar esta arte portuguesa. Fazemos isso através de grupos de treino, demonstrações e competições. Praticamos por gosto e porque é portuguesa, não há outra modalidade desportiva em Portugal que seja portuguesa” destaca Ricardo.

“Desde que existe Portugal, há relatos de pancadaria com paus e varas. Publicámos agora um livro do Paulo Lopes, um membro da nossa associação, sobre a história e as influências do jogo do pau. O jogo é português e merece ser apoiado,” sublinha o lutador do Jogo do Pau.