Sociedade
Jovem da Batalha suspeito de terrorismo assume vontade de esfaquear pessoas mas admite não ter coragem
João Carreira foi acusado em julho pelo Ministério Público de dois crimes de terrorismo, um dos quais na forma tentada, e de um crime de detenção de arma proibida.

O jovem suspeito de planear um ataque terrorista à Faculdade de Ciências assumiu esta manhã em tribunal a vontade de “atirar ‘cocktails molotov’, setas e esfaquear pessoas”, mas considerou que não teria “coragem para matar uma pessoa”.
Na primeira sessão do julgamento no Juízo Central Criminal de Lisboa, João Carreira, de 19 anos, aceitou prestar declarações ao coletivo de juízes presidido por Nuno Costa.
O suspeito confirmou a obtenção dos materiais, o interesse que vinha de trás por assassínios em massa ou o estado depressivo em que estava em fevereiro, quando foi detido pela Polícia Judiciária na véspera do ataque.
“Talvez ir para o auditório e atirar cocktails molotov, atirar setas, esfaquear pessoas”, respondeu o arguido ao juiz sobre o que pensava fazer quando chegasse à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sublinhando como motivações “a depressão, o facto de estar em Lisboa e querer a atenção das pessoas da comunidade”.
Confessando que não queria “atingir ninguém em especial”, o estudante universitário descreveu os sucessivos adiamentos da execução do ataque – que chegou a ser apontado para os dias 03, 04, 07 e 09, até fixar finalmente o dia 11 – e defendeu que isso se traduzia numa vontade de não executar mesmo o ataque.
“Por que razão é que não avançou?”, questionou o juiz. E João Carreira respondeu: “Porque não queria. (…) Acho que não queria fazer aquilo realmente. (…) Acho que não tinha coragem para matar uma pessoa”.
