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Leiria quer tirar sem-abrigo da rua

“Há a ideia de que Leiria não tem sem-abrigo, porque não se veem. Vivem escondidos, em espaços abandonados, sem quaisquer condições”.

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Foto: Pixabay

O projeto Rede Nacional “Casas Primeiro”, assumido pela associação InPulsar, em parceria com o Município de Leiria e União de Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes, vai retirar pessoas sem-abrigo da rua e reintegrá-las na sociedade.

Numa primeira fase, o projeto vai apoiar quatro pessoas sem-abrigo, oferecendo-lhes uma casa, totalmente equipada, onde irão reaprender a viver sob um teto, explicou à agência Lusa o presidente da Inpulsar – Associação de Desenvolvimento Comunitário, Miguel Xavier.

O dirigente apontou que se “vai tentar criar um equilíbrio emocional e mostrar o caminho a pessoas que deixaram de ter sonhos e esperança”.

“Poderá criar-se também a possibilidade de se reaproximarem de familiares, de quem estão afastados por viverem na rua”.

“É um atentado no século XXI termos alguém a viver na rua. Não podemos fechar os olhos a esta problemática. Estas pessoas têm problemas, passaram por dificuldades e há que reencaminhá-las para a sua reintegração. É um projeto desafiante e de um enorme humanismo e dignidade”, reforçou Miguel Xavier.

A InPulsar identificou 16 sem-abrigo. A maioria tem idades entre os 45 e os 50 anos e patologias mentais ou ligadas a consumos de drogas e álcool. “Há a ideia de que Leiria não tem sem-abrigo, porque não se veem. Vivem escondidos, em espaços abandonados, sem quaisquer condições”.

Reconhecendo o papel “fundamental e meritório” dos centros de acolhimento, Miguel Xavier considerou que essa é uma resposta imediata, sem pensar no futuro.

“O ‘Casas Primeiro’ dá um passo à frente. A longo prazo, se calhar, fica menos dispendioso, porque há uma perspetiva de autonomia”.

O Município de Leiria vai apoiar três sem-abrigo e a Junta um utente. Os custos suportados são na ordem dos 20 euros por dia. “Vamos procurar casas de tipologia 1. A pessoa irá assumir o compromisso de ceder 30% do seu rendimento”, valor que poderá receber através de pensões ou do rendimento social de inserção, explica o presidente da InPulsar, referindo que o utente tem de “perceber os custos de viver numa casa ou o ir às compras”.

Para Miguel Xavier, serão “casos de sucesso” todos aqueles que “não regressarem à rua”.

Miguel Xavier recordou que o “ser humano é de hábitos”. Depois de os assumirem, poder-se-á passar para o incentivo na procura de fazer formação ou procurar emprego, dependendo dos casos. Mas “há pessoas que podem não ter condições para isso”, alertou.

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