Sociedade
Mais de 400 pessoas marcharam contra a prospeção de gás na Bajouca
“Não vamos parar de lutar enquanto os contratos da empresa Australis não forem cancelados definitivamente”, diz Pedro Pedrosa.

Moradores da freguesia da Bajouca, Leiria, e de outras localidades vizinhas realizaram este domingo uma marcha de cerca de dois quilómetros para travar a prospeção de gás na zona.
O presidente da Junta de Freguesia, Pedro Pedrosa (PS), disse à Lusa que cerca de 450 pessoas, entre as quais o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes (PS), e a vereadora do Ambiente, Ana Esperança, participaram numa marcha pacífica que teve como principal objetivo “travar a prospeção de gás na Bajouca”.
“Foi mais uma forma de manifestar a nossa oposição à exploração de gás na freguesia. Não vamos parar de lutar enquanto os contratos da empresa Australis não forem cancelados definitivamente”, adiantou Pedro Pedrosa.
Segundo o autarca, “quando dizem que há 15% de risco de contaminação, não faz sentido avançarem com o investimento”.
“Há o risco de contaminação do aquífero do Louriçal.”
“Há o risco de contaminação do aquífero do Louriçal [concelho de Pombal]. Se isso suceder vai afetar a população da Bajouca e de todo o concelho de Leiria”, alertou.

Foto: Facebook Município de Leiria
Pedro Pedrosa disse ainda que o estudo de impacto ambiental ainda não foi conhecido, mas a “empresa emitiu um comunicado à imprensa, onde disse que os resultados deveriam ser anunciados no primeiro semestre de 2020″.
Até ao momento, “não temos qualquer informação, mas temos a correr um abaixo-assinado para ser entregue ao senhor primeiro-ministro e vamos tentar que o assunto volte a ser debatido na Assembleia da República”, acrescentou.
A marcha teve como ponto de partida a Junta de Freguesia e terminou no local onde a empresa Australis pretende efetuar trabalhos de prospeção, tendo demorado cerca de duas horas.
Em dezembro, o Município de Leiria aprovou, por unanimidade, uma moção contra a prospeção e exploração de gás na Bajouca, apelando ao Governo para que tome medidas com esse fim.
“Contradição com a política energética que Portugal tem vindo a prosseguir na última década”.
A autarquia recordou que estão ainda em vigor dois contratos entre o Governo e a Australis Oil & Gas para a concessão de direitos de prospeção, pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo nas áreas designadas por Pombal e Batalha, que “estão em contradição com a política energética que Portugal tem vindo a prosseguir na última década”.
Dias antes, o presidente da Câmara (PS) tinha enviado uma carta ao ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes a pedir que revogue a concessão de exploração de gás natural, atribuída a uma empresa australiana.
Australis “já investiu mais de 1,2 M € em estudos e trabalhos de engenharia.”
A Australis empresa recebeu do Governo português, em 2015, as concessões da Batalha e de Pombal e desde então “já investiu mais de 1,2 milhões de euros em estudos e trabalhos de engenharia para compreender as potenciais oportunidades de exploração das suas concessões”.
“A Australis não vai estimular estes poços através de fraturação hidráulica. O objetivo é realizar estes poços utilizando técnicas convencionais”, refere, ao afirmar que “estas operações terão um impacto muito positivo junto das populações locais, com a criação de emprego e dinamização da economia local”.
