Cultura
Menino do Lapedo pode tornar-se tesouro nacional
O “Menino do Lapedo” foi encontrado em 1998, no Abrigo do Lagar Velho, no vale do Lapedo, freguesia de Santa Eufémia.

A Direção-Geral do Património Cultural quer que o esqueleto da Criança do Lapedo e artefactos arqueológicos associados sejam classificados como bem de interesse nacional, com a designação de “tesouro nacional”, segundo anúncio publicado esta quinta-feira em Diário da República.
O despacho assinado pelo diretor-geral do Património Cultural, Bernardo Alabaça, anuncia que vai propor à secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural a classificação “tesouro nacional” do esqueleto da Criança do Lapedo – conhecido como “Menino do Lapedo” – e artefactos arqueológicos associados, que se encontram no Lagar Velho 1, na freguesia de Santa Eufémia, em Leiria.
No ano passado, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu um procedimento de classificação do esqueleto da Criança do Lapedo, “cuja proteção e valorização representam valor cultural de significado para a Nação”.
O pedido de classificação fora avançado em dezembro de 2018, pelo Museu Nacional de Arqueologia.
Em 2018, o arqueólogo João Zilhão, que há 20 anos liderou a primeira equipa que trabalhou no local do achado, o Abrigo do Lagar Velho, considerou que o pedido de classificação era positivo.
“Gostava que a classificação se transformasse em meios para continuar a investigação. Se for só tesouro nacional e não houver meios, é só conversa. Palavras levam-nas o vento”, disse, no final da intervenção na conferência “Menino do Lapedo – 20 anos depois”, no Museu de Leiria, na altura.
O arqueólogo lamentou que o esqueleto só tivesse sido exposto ao público uma vez, “e na Alemanha!”, numa exposição por ocasião dos 150 anos da descoberta dos fósseis de Neandertal.
“Em Portugal nunca houve, ainda, condições de o mostrar ao público”, sublinhou, recordando os esforços do diretor do Museu Nacional de Arqueologia.
“Ainda bem que há gente na Direção-Geral do Património Cultural e aqui em Leiria que mantém a chama acesa. O achado tem uma importância em si mesmo e, muito grande, como marco histórico nos debates sobre a evolução humana. Ao fim destes anos todos as pessoas entendem isso bem e tentam passar essa mensagem para a população. Só posso ficar contente”.
O esqueleto tem cerca de 29 mil anos e constituiu um acontecimento marcante no seio da paleoantropologia internacional, por se tratar do primeiro enterramento Paleolítico escavado na Península Ibérica.
