Sociedade
“Não se cale, não se isole, combine sinais” – Associação Mulher Séc. XXI
“Não tenha vergonha do escândalo público, peça socorro, se necessário, grite bem alto e fuja para as escadas do prédio ou rua” aconselha a Associação sediada em Leiria.

O confinamento social para a contenção do novo coronavírus aumenta o perigo para situações de violência doméstica, já que a vítima fica mais exposta ao agressor.
Ana Bastos, da Mulher Século XXI – Associação de Desenvolvimento e Apoio às Mulheres, aconselha a que a vítima “não se cale, não se isole, combine sinais, palavras-chave para situações de perigo iminente, para que chame a polícia se necessário (exemplo: batidas nas portas, paredes ou chão)”, partilhando mesmo a sua situação com amigos ou vizinhos.
A vítima deverá manter-se “atenta/o aos sinais que antecedem uma situação de conflito (aumento do tom de voz; gestos bruscos, alteração nas expressões faciais)” e avaliar antecipadamente “os locais mais seguros de casa, que tenham acesso a telefones e locais por onde sair rapidamente se precisar de fugir”.
Em casos onde existam filhos, Ana Bastos, da Associação Mulher Século XXI, sugere que “ensine os seus/suas filhos/as a pedir ajuda e a não se envolverem na agressão”, combinando um código caso seja necessário pedir ajuda ou mesmo abandonar a casa.
“Não tenha vergonha do escândalo público, peça socorro, se necessário, grite bem alto e fuja para as escadas do prédio ou rua” aconselha ainda a Associação sediada em Leiria.
Alertas e conselhos para que os casos de violência doméstica, no mínimo, não aumentem com a pandemia de Covid-19.
No distrito de Leiria, o número de casos novos recebidos pela Associação Mulher Séx. XXI, até dia 14 de abril, manteve-se ligeiramente abaixo do mesmo período de 2019.
Desde o dia 1 de janeiro até ao dia 14 de abril de 2020, a Associação de Apoio à Mulher atendeu um total de 49 casos ( janeiro – 17, fevereiro – 14, março – 15 e até ao dia 14 de abril – 4).
Em 2019, “os números não se elevaram exponencialmente, houve um aumento no mês de janeiro (2 casos mais que em 2019) e fevereiro (1 caso mais que me 2019) no entanto os números decrescem em março e abril”, explica Ana Bastos apontando para um total de 60 casos.
Quanto aos “atendimentos gerais de utentes em acompanhamento”, a Associação aponta um aumento ligeiro com “com pedidos de informações gerais relativas aos seus processos individuais informações jurídicas”.
Um possível aumento da violência doméstica nesta fase de pandemia está em cima da mesa para vários governos. Em França, as farmácias tornaram-se num ponto de encontro. Foi criada a expressão de código “Máscara-19” para as vítimas poderem pedir ajuda.
Contudo, e apesar desta iniciativa também ter circulados nas redes sociais em Portugal, a campanha nunca esteve em vigor, como alertou a Associação de Apoio à Vítima (APAV).
Expresso | "'Máscara-19': uma campanha para ajudar vítimas de violência doméstica que não está (nem esteve) a funcionar" https://t.co/HTQaoXFxkM pic.twitter.com/Z2qaPucyfG
— APAV (@APAV_Online) April 9, 2020
Em Portugal, a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género reforçou as linhas de apoio e as recomendações.
Covid-19 ❗️ Reforçada a informação de segurança durante o isolamento
🔸 Linha SMS 3060
🔸 Contactos das Estruturas de Atendimento
🔸 Recomendações para as vitimas de violência doméstica;
🔸 Recomendações para uma vizinhança ativa.https://t.co/hTSYMvGGmC pic.twitter.com/SBgYPneQGt— CIG (@cig_portugal) March 31, 2020
