Opinião
Quem estuda quer casa
“Encontrar alojamento a preços acessíveis representa uma das maiores dificuldades para os estudantes e suas famílias.”

É do conhecimento geral que o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) tem uma elevada taxa de inserção no mercado de trabalho dos seus alunos (superior a 80%), muitos recrutados pelas empresas da região. Esta realidade é certamente um excelente factor de atratividade estudantil que deve ser mantida e até melhorada. Contudo, a empregabilidade não deve estar dissociada de outros fatores que contribuem para a qualidade de vida e aprendizagem dos estudantes, nomeadamente, a disponibilidade de alojamento para os alunos a preços acessíveis.
Num contexto de aumento generalizado do preço das rendas de casa nos centros urbanos (agora talvez temporariamente suspenso pelos efeitos da pandemia de Covid-19) e de insuficiência de oferta de alojamento para o Ensino Superior (a existente apenas dá resposta a cerca de 12% das necessidades dos estudantes deslocados), encontrar alojamento a preços acessíveis representa uma das maiores dificuldades para os estudantes e suas famílias e, em última análise, pode colocar em causa o direito à educação de muitos estudantes.
Neste cenário os alunos do IPL vêem-se confrontados com uma dura realidade, a lotação das residências estudantis: 763 camas nos campus Leiria, Caldas da Rainha e Peniche; porém, só os estudantes internacionais do IPL, em 2018, foram cerca de 1100! Como alternativa resta-lhes o arrendamento privado… a preços elevadissímos.
É verdade que ao abrigo do Plano Nacional para o Alojamento para o Ensino Superior prevê-se o aumento da oferta de alojamento universitário em Leiria pela conversão em residência universitária da antiga Pousada da Juventude e do antigo edificio da Junta Autónoma das Estradas. A estas se juntarão a “Casa da Obra” e o imóvel Dr. Gens na Batalha assim como 120 camas que o ILP pretende criar no Seminário de Leiria. Mas mesmo assim os números previstos para o aumento do alojamento fazem adivinhar que não serão suficientes para todos os estudantes nacionais e internacionais.
Perante isto, não posso deixar de relacionar este problema com as novas competências que as autarquias vão assumir na área da habitação. Uma dessas competências é a gestão do apoio ao arrendamento urbano. Recorrendo a esta possibilidade as Câmaras Municipais de Leiria, Marinha Grande, Caldas da Rainha e Peniche e outras deveriam criar um programa de medidas específicas para o apoio ao arrendamento de estudantes em articulação e complementaridade com os serviços de ação social do IPL e as medidas do Ministério do Ensino Superior.
Leiria, que através do seu Instituto Politécnico projeta-se para o país e para o Mundo, deve cuidar bem da sua comunidade estudantil. E cuidar da sua comunidade estudantil é necessariamente garantir alojamento acessível e de qualidade aos seus estudantes. Mais sentido faz a criação de um política de apoio ao alojamento universitário quando os municipios da região pretendem que o IPL se transforme em Universidade!
Entendo assim que o estudante deslocado, português ou estrangeiro, deve ser alvo de uma atenção e cuidado particular no âmbito da política municipal de apoio ao arrendamento, tal como foi feito, e bem, para outros benefeciários socialmente vulneráveis como os pensionistas e famílias monoparentais.
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O Notícias de Leiria convidou todos os partidos representados na Assembleia da República para a publicação de um artigo de opinião, da inteira responsabilidade do seu autor.

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