Sociedade
Reportagem: Chuvas de abril reforçam nascente do Lis
“Quando casei, há 60 anos, não havia aqui estrada alcatroada. Foi em fevereiro e nevava”, conta Conceição Sousa ao Notícias de Leiria.

Diz o provérbio “abril águas mil.” Em época de quarentena, em meados deste mês, com o regresso das chuvas, o Notícias de Leiria visitou a nascente do rio Lis, nas Fontes, falou com transeuntes e viu o bom caudal da “Grota,” a parte mais alta da nascente, na base da serra da Senhora do Monte.
[nivoslider id=”4723″]
Fotorreportagem: Pedro Carvalheiro
“Era antigamente, quando fazíamos as sementeiras, dizia-se que em abril chovia muito.” À conversa com a vizinha de Conceição Sousa, uma mulher de 87 anos, que pouco adiantou e preferiu o anonimato, quando questionada, lembrou a chuva que, noutros tempos era desejada no mês de abril, por causa culturas. “Eu nasci ali, na casa que fica encostada à ponte, ao lado da associação” recordou a senhora.
“Até em maio o rio já tem enchido.” A morar em frente ao rio, escassos metros a seguir à ponte das Fontes, em direção à nascente, a vizinha, Conceição Sousa, de 79 anos, recuou 60 anos no tempo. “Quando casei, há 60 anos, não havia aqui estrada alcatroada. Foi em fevereiro e nevava. Passada uma semana, tive que entrar descalça em casa, por causa da água de uma cheia que saltou as margens,” lembrou Conceição Sousa.
“Em abril, quando chove lá prós lados da serra, a Grota deita água, mas agora só queria que esta crise passasse. A polícia passa aqui todos os dias, às vezes mais do que uma vez e faz perguntas às pessoas” lamenta.
“Já a minha avó dizia que chove sempre em abril. É a primeira vez que aqui venho.” Na Grota, perto do ponto mais a nascente do rio, entre o verdejante das árvores, as nespereiras nas margens, e os rasgos de sol primaveril, que furava entre as nuvens, naquela tarde, o Notícias de Leiria conversou com uma mulher de 41 anos, auxiliar numa escola em Leiria, a morar há 10 anos nas Cortes.
“Uma colega disse-me que isto era tão bonito e vim ver. Não conhecia, estou a gostar deste passeio, é muito bonito e muito bom para fazer caminhada. De sapatilhas, fato de treino e auscultadores no ouvido, a mulher, que preferiu o anonimato, caminhava por entre os visitantes, alguns com máscara na cara, amantes da natureza ou por desporto, que vinham de bicicleta ou a pé, sozinhos ou em grupo, quase todos com roupa desportiva, para fotografar ou ler um livro, no caminho de saibro, que sobe até à Grota.
O rio, devido às “chuvas de abril” corria agora com um bom caudal. A Grota, após a paragem das chuvas, seca em poucas semanas, mantendo-se a nascente principal, mais a baixo, perto do centro do lugar.
Num “enquadramento natural deslumbrante,” entre o rio e a serra, na margem esquerda, a algumas dezenas de metros a baixo do ponto mais alto da Grota, encontrámos, após atravessarmos uma pequena uma ponte pedonal, uma pequena pedra no chão onde se lê, “Parque Joaquim Carreira – Freguesia de Cortes – 23 – 10 –2011.”
A pedra está colocada à entrada de um pequeno largo verdejante, com algumas mesas de piquenique, e com um contentor para casas de banho, que se encontrava fechado. Uns metros abaixo do parque, praticamente coberto de vegetação, está um velho moinho em pedra abandonado.
No início dos cerca de trezentos metros do caminho da Grota, por entre o arvoredo, quintais e laranjais característicos de aldeia, ainda sem entrar na parte mais desumanizada e arborizada do percurso, avista-se ao cimo da encosta, entre a Senhora do Monte e o Cabeço da Maunça, uma grande ventoinha eólica branca.
Todo opercurso tem, na margem direita uma grade de proteção em madeira, e a espaços, pequenos bancos também de madeira, ali colocados, para descanso dos visitantes.
