Sociedade
Reportagem: Leiria há duas semanas em isolamento
“Isto é uma prisão domiciliária” lamentou Catarina Oliveira, de 37 anos, a viver em Leiria.

O novo coronavírus, forçou os leirienses, nas últimas duas semanas de março, a quarentena. O tema encheu páginas dos jornais, foi proibído o acesso ao percurso Polis, lançada a campanha #leiriaficaemcasa, decretado estado de emergência municipal pela autarquia de Leiria, o comércio parcialmente fechado, bares e discotecas e espaços de diversão, alguns restaurantes a servir em “take away” e outros fechados.
Nas redes socias, circulam fotos de pessoas de máscara, os super e hipermercados reduziram os horários e estão abertos com limitação de entradas e os cinemas fecharam.
Também o Estádio Municipal foi preparado para consultas e no Hospital de Sto André foram restringidas as visitas e proibidas entradas aos acompanhantes dos doentes. A partir de casa, o Notícias de Leiria ouviu alguns tesmunhos de que tem sentido os efeitos do medo provocado pela Covid-19 no quotidiano.
“A rua? A rua está vazia.”
“Tudo. Mudou tudo na minha rotina diária.” A morar na Avenida Nossa Senhora de Fátima, em Leiria, uma mulher de 36 anos, agora em casa, radiologista de profissão, que preferiu não se identificar, disse ao Notícias de Leiria que “estou agora a criair novas rotinas. Estou em casa, e agora tudo mudou. A rua? A rua está vazia, está quase deserta, tem pouco movimento. As pessoas só saem de casa, apenas para o essencial” informou a radiologista.
“Cozinho mais e lavo mais roupa.”
“Cozinho mais e lavo mais roupa. Agora tenho mais trabalho. Tenho o marido e os dois filhos em casa de quarentena” lamentou Dina Marques, de 50 anos, assistente operacional, dos Marrazes, no lado norte da cidade. “Não se vê ninguém na rua, a rua está deserta,” desabafou a marrazense.
“Isto é uma prisão domiciliária” lamentou Catarina Oliveira, de 37 anos, a viver em Leiria. A trabalhar num restaurante no centro da cidade, Catarina disse ainda que, “apesar desta paragem tenho muito que fazer, na organização da papelada de restaurantes em que trabalho. “A rua está deserta e infelizmente vivo em Leiria” protestou Catarina Oliveiria.
“Tudo reduziu. Há mais trabalho a partir de casa,” desabafou Maria Vila Lobos, de 41 anos, responsável por um restaurante na zona do Marachão em Leiria. “Agora temos serviço “take away.” Moro perto de um restaurante de uma cadeia de uma multicional, o Mc Donalds, e lá há movimento. A zona é movimentada, mesmo nesta fase que estamos a viver” disse Maria Vila Lobos.
Numa saída por motivos de força maior, já perto da meia noite da passada terça feira, encontrámos um homem com um fato impermeável amarelo, máscara na cara e cabeça tapada, de mangueira na mão a desinfetar o passeio, ao cimo da rua da fonte das três bicas em Leiria, junto à farmácia.
Foi das poucas pessoas que avistámos. Além do desinfetador, também uma jovem andava pelo passeio, de auscultadores nos ouvidos, naquela zona, àquela hora, onde o silêncio “preenchia o vazio,” ao atravessar a cidade em que, de norte a sul, não avistámos um único automóvel a circular, com exceção de um carro da polícia.
