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Reportagem: “Não há data para terminar este trabalho, a pandemia é que manda” – médica Ana Rita

Nas duas primeiras tardes da semana, marcadas pelo regresso da chuva, devido ao aumento do caudal, o som das águas do rio Lis substituía o barulho dos poucos carros a passar.

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Testes Covid-19 Estádio Leiria
Foto: Município de Leiria

No início da semana, o Notícias de Leiria andou pelo centro da cidade, que, como o resto do país, vai na terceira semana de quarentena. No dia seguinte, terça-feira, 7 de abril, “Dia Mundial da Saúde”, visitámos a Área Dedicada à Covid-19, (ADC), aberta no passado dia 31 de março, no Estádio Municipal Magalhães Pessoa, e testemunhámos a luta dos profissionais de saúde no combate à pandemia.


“Doenças? Eu já cá tenho muitas com que me chatear”

“Vai ficar tudo bem,” “Leiria Fica em Casa” e “Proteja a Sua Saúde e a Saúde dos Outros,” são agora algumas mensagens de aviso, que substituem os cartazes publicitários, que se podem ler nas paragens de autocarro, lugares vazios, despejados de pessoas que as leiam, nem de autocarros a circular, e com os horários do Mobilis reduzidos.

“Isto é uma miséria. Não dou o meu nome a ninguém. Eu precisava era de saúde. Sabe, ou pobre.” A olhar para o Céu, carregado com nuvens escuras, encostada ao muro, junto à vitrina do Teatro José Lúcio da Silva, de máscara na cara, uma senhora na casa dos setenta, a única pessoa com quem tentámos falar, e nos pediu anonimato, não teve meias palavas, num desabafo rápido; “vem aí muita fome e miséria com isto que estamos a passar. Doenças? Eu já cá tenho muitas com que me chatear” lamentou a senhora.


Ruas “quase” desertas e parques vazios

Parques vazios, obras no fundo da avenida Marquês de Pombal paradas, semáforos ligados, com quase ausência de carros, nas principais avenidas, ruas quase desertas de gente, cafés e lojas fechadas, salvo raras exceções, supermercados a fechar às 19h.

Nas duas primeiras tardes da semana, marcadas pelo regresso da chuva, devido ao aumento do caudal, o som das águas do rio Lis, substituía o barulho dos poucos carros a passar, perto da ponte Hintze Ribeiro, perto do Museu.

Apesar dos avisos, nos passeios praticamente vazios, junto ao Parque do Avião e ao Jardim Luís de Camões, passeavam-se alguns casais de mão dada, entre as poucas pessoas que por ali caminhavam, algumas com máscara outros não, uma semana após a renovação do Estado de Emergência nacional, que vai durar pelo menos até 17 de abril, tem tido uma forte influência na vida dos leirienses por estes dias.

 

Estádio é Centro de Consultas

“São dois médicos, um enfermeiro, um administrador, e um médico coordenador a trabalhar no Área Dedicada à Covid-19.

“Não há data para terminar este trabalho, a pandemia é que manda,” disse ao Notícias de Leiria, a médica Ana Rita. No Piso 2, vestida com fato de proteção e máscara, quando questionada, a profissional de saúde, avançou que “isto foi uma situação inesperada, a que estamos a viver”.

“As pessoas que tenham muito cuidado, e cumpram as regras de isolamento, se não vão passar mal”. Uma vez infetadas, “as pessoas são mandadas para casa em quarentena obrigatória,” avisou Ana Rita. “Aqui é um centro de consultas, ainda não temos casos confirmados”, lembrou.

O Piso 2 está divido em duas partes. Na parte em que as pessoas infetadas são observadas, os profissionais, usam um fato protetor que tiram, se passarem à outra zona, na zona onde trabalham, a médica Ana Rita trabalha e a colega, a enfermeira Regina, e vice versa, porque segundo Ana Rita “o risco de contaminação é grande.”

No rés do chão, pela Porta 2, virada para o lado da cidade, entram as pessoas pelo seu pé, porque vêm mandadas pelo médico de família, pela linha “saúde 24,” ou voluntariamente. São observadas na receção, e se apresentarem sintomas são enviados para o Piso 2, onde são consultadas pelo médico, se não, saem para a rua pela mesma porta onde entraram.

 

Percurso de testes e zaragatoa

Segundo avançou pelo telefone o responsável clínico da Câmara de Leiria, “as pessoas entram de carro no “Drive-Thru,” na Porta 1, para a pista de atletismo, do lado norte do estádio, passam por uma tenda branca, fazem o teste à Covid-19 com a zaragatoa, duas coisas parecidas com cotonete que são enfiadas, uma no nariz e outra na garganta, e sempre sem sair do carro, saem logo ao lado pela Porta 2.

Se acusarem sintomas positivos, são encaminhados para o Piso 2 onde estão os especialistas a fazer o diagnóstico, e se estiverem infetados com Covid-19, são mandados obrigatoriamente para casa.

“Estão a passar por cá, de carro pela Porta 1 de carro, entre 25 a 30 pessoas por dia. As pessoas vêm voluntariamente,” avançou o engenheiro responsável, que preferiu não se identificar.

Os testes realizados na Área Dedicada só se efetuam mediante prescrição médica do Serviço Nacional de Saúde. Os testes são gratuitos para os utentes.

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