Cultura
Reportagem: “O que seria da nossa vida sem a cultura?” – Agir
“Não nos podemos abraçar, mas podem-se levantar,” desafiou Agir em Leiria, no Festival Regresso ao Futuro.

“Não vos posso abraçar, mas muito obrigado,” disse Agir, já perto da despedida, no final do concerto solidário do Festival Regresso ao Futuro, na noite deste sábado, dia 20 de junho, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria.
“Divirtam-se, moderadamente bastante. Tentaremos trazer alguma normalidade.”
Divertido e bem disposto, sentado ao centro, entre as duas mesas, instaladas no meio do palco, Agir, desde cedo, e após o tema de abertura, “Até Ao Fim,” mostrou boa disposição e vontade de interagir com o público.
“Não nos podemos abraçar, mas podem-se levantar,” desafiou Agir os fans, antes do terceiro tema. “Alguém conhece Carolina Deslandes? Ajudem-me a mover montanhas.” Nas duas mesas, com dois copos com vinho, junto dos dois músicos, uma garrafa de vinho e duas de água, dois pequenos candeeiros e um grande a iluminar o seu lugar, a cantar e tocar viola com os músicos, que não apresentou, o filho do cantor consagrado Paulo de Carvalho, cantou em inglês, o tema “Mountains,” gravado com Carolina Deslandes.
“Não tenham medo, podem fazer barulho,” disse o cantor várias vezes, durante o concerto. Com máscara na cara, sentados cadeira sim, cadeira não, puxados por Agir, os fans que ocuparam os cerca de metade dos lugares habituais da sala, iam respondendo com palmas e comentários.
“Se não formos uns pelos outros… era impossível respirar,” lamentou o cantor antes do tema “Respirar,” que serviu de argumento, para lembrar as limitações da pandemia que estamos a passar.
“Alguém conhece o Vitão? Vamos até ao Brasil sem sair do lugar.” Vestido de tshirt e calças pretas, Agir levantou-se após cantar um tema do amigo brasileiro Vitão, viu a plateia e disse; “somos poucos mas bons, este é um tema muito mais do que bom” antecipando já o próximo, “Alma Gémea,” tema em que diz na letra, “eu preciso de ti como a praia precisa do mar.”
“Estamos todos ressacados. O que seria da nossa vida sem a cultura? Temos que tirar mais tempo para repararmos nos outros, perdemos hoje [sábado] o ator Pedro Lima, paz à sua alma.” E avançou para o recentemente lançado, “Alma” dedicado ao combate à solidão provocada pela pandemia, também dedicado a Pedro Lima, que foi encontrado morto no sábado.
Já com a plateia conquistada, o registo “Manto de Água,” foi a pedido do cantor, recebido de braços levantados e com a luz dos telemóveis ligada. Canção que tem participação de Ana Moura, e que foi lembrada por Agir, por não estar presente.
Decorria já perto de uma hora do concerto, que iniciou às 21h45 e terminou pelas 23h00, ouve ainda tempo para lembrar o pai, Paulo de Carvalho, em “O Meu Mundo Inteiro,” num momento em que os fans responderam com uma das maiores salvas de palmas da noite.
“Há pessoas que mudam a nossa vida. Todos temos pessoas que mudam as nossas vidas. Tenho respeito por esta menina, que está ali no 1º balcão e mudou a minha vida,” disse Agir, de pé, a apontar com o braço para o lugar onde estava a esposa, antes de cantar “Minha Flor,” do álbum “No Fame,” gravado em 2018.
“Vamos a levantar! Vocês pediram e acontece em todos os espetáculos.” Guardado para o encore, ou bónus final, ficou “Ai Como Ela é Bela,” e “Tempo é Dinheiro,” eu vou gastá-lo contigo,” que fechou o concerto.
Na despedida, antes da saída do palco, Agir não esqueceu a iniciativa, e deixou elogios aos 24 artistas, que deram concerto em simultâneo, em 24 salas espalhadas pelo país, e aos organizadores do evento.
No contexto da pandemia, depois de uma hora e meia de cara tapada com máscara, a saída da sala fez-se de forma ordenada para a rua, e por portas diferentes, por indicação dos coordenadores da sala.
